24 de outubro de 2011

Naturalmente Leve... Naturalmente Fresco!

Amanhã... dia 25... haverá um degustação no Rio promovida pelo CVRVV - Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes... e resolvi falar um pouquinho sobre estes vinhos tão especiais.

Mas afinal... o que é um Vinho Verde?

O Vinho Verde é único no mundo... naturalmente leve e fresco. Geralmente são vinhos que devem ser consumidos bem jovens... sem a necessidade de um "amadurecimento" ao longo dos anos. Por esta razão... verde! No entanto... existem exemplares... sobretudo os produzidos com a uva Alvarinho... a principal e mais importante uva da região... que são mais estruturados e longevos... crescendo com o passar dos anos. De uma forma geral... são vinhos com baixo teor alcoólico... frutados... fáceis de beber... e perfeitos como aperitivo ou acompanhando pratos leves como saladas, peixes, mariscos, carnes brancas, petiscos, comida japonesa e muito mais.

Para ser Vinho Verde... ele deve ser produzido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes... no noroeste de Portugal... com as castas permitidas pela legislação. A região é costeira... com forte influ e ótima para a elaboração de vinhos brancos. A tipicidade e originalidade destes vinhos é o resultante das características do solo... do clima... das peculiaridades das castas autóctones da região... e das formas de cultivo das videiras. Esta mistura de fatores.... resulta um vinho totalmente diferente de qualquer outro vinho do mundo.

Apesar dos principais exemplares serem brancos... também existem vinhos verdes rosés, tintos e espumantes. O nome verde não tem nada a ver com a cor do vinho... que fique bem claro para que ninguem diga depois que existem vinhos brancos, tintos, rosados e verdes. hehehe

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes estende-se por todo o noroeste do país... numa zona tradicionalmente conhecida como Entre-Douro-e-Minho. A região sofre uma grande influência do Oceano Atlântico... nao apenas pela proximidade... mas também pela posição dos vales dos principais rios que facilitam a penetração dos ventos marítimos. Dentro da macro região dos Vinhos Verdes... temos uma divisão em 9 sub-regiões: Amarante, Ave, Baião, Basto, Cávado, Lima, Monção / Melgaço, Paiva e Sousa.As principais castas típicas da região são: Alvarinho, Arinto (Pedernã), Avesso, Azal, Batoca, Loureiro e Trajadura (Brancas)... e Alvarelhão, Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro, Pedral, Rabo de Ovelha e Vinhão (Tintas). Existem outras... mas são bem menos utilizadas e conhecidas. Sem dúvidas... a estrela da região é a Alvarinho... mas existem vinhos maravilhos feitos com todas as demais uvas. Inclusive... no último concurso... tivemos vinhos de Arinto, Azal e Loureiro... premiados como os melhores do ano.

Agora que sabemos um pouquinho mais sobre esses vinhos que combinam tão bem com nossas praias e nosso verão que se aproxima... preparem o gelo e as taças!!!!

Saúde!






16 de outubro de 2011

Aventuras em Salvador - Parte 3 / Bastidores

Nesta última parte... vou falar sobre os bastidores da gastronomia de Salvador. Não me refiro às cozinhas dos restaurantes... mas nos locais onde nós... amantes do vinho e da gastronomia... encontramos produtos para trazermos em nossa bagagem... ou usar para cozinhar por lá mesmo se tivermos oportunidade.

O Mercado Modelo é um ponto turístico onde você encontra várias coisinhas legais. No entanto... o preço é mais alto que nos demais lugares. Os fornecedores são sempre os mesmos e os produtos exatamente iguais... como as famosas cocadinhas da Bahia... cocadas assadas... castanhas de cajú... azeite de dendê... etc.

A melhor alternativa para mim... é ir ao Ceasa do Rio Vermelho. Lá você vai encontrar todos esses produtos típicos baianos... que encheram minha mala. Trouxe farinha de mandioca... camarão seco... azeite de dendê socado no pilão... cocadinhas da Bahia... cocadinhas assadas (deliciosas!)... castanhas de cajú carameladas (por quem tenho uma paixão louca e como um pacote inteiro se deixar)... Joaquim Teodoro (um biscoitinho de polvilho e leite de coco em bolinhas pouco maiores que uma ervilha)... café orgânico da Bahia... e alguns outros biscoitinhos.

Além desses produtos... você acha outras coisas muito legais e que despertam nossa curiosidade. infelizmente não pude trazer... mas vi mini abarás e mini acarajés congelados... que segundo quem já comeu são muito bons. Basta esquentar no vapor... no caso do abará... e no forno elétrico... os acarajés. Para facilitar... você também encontra vatapá... carurú... bobó... e outras comidas típicas prontas e congeladas.

Mas como já falei anteriormente... a Bahia não vive só de comida baiana. Uma loja que vale a visita.. é a Perini... na Pituba (fica bem pertinho do Bistrot du Vin). Lá você tem padaria... sorveteria... lanchonete... frios... queijos... vinhos... e toda a sorte de artigos gourmet. Além disso... eles tem uma agenda de aulas e cursos todos os meses muito interessante.

Os mercados também são sempre ponto de visita obrigatória em minha viagens. Acho interessante descobrir produtos novos... que as vezes só encontramos em determinadas praças... e que não temos por aqui. Algumas coisas me chamaram a atenção... como os camarões secos industrializados... inteiro e triturado... algumas cervejas que não vemos aqui como Brahma Fresh e Antarctica Cristal... sucos em caixinha de graviola e cupuaçú... e biscoitos da Garoto. Por enquanto... só está sendo distribuido no Espírito Santo (sede da empresa) e no Nordeste. A linha tem Tortinha Serenata de Amor... Tortinha Talento com Chocolate e Avelã... Biscoito Recheado de Chocolate... e Biscoito Recheado Batom.

Salvador também tem umas lojas de vinhos muito bacanas... e com enorme variedade. Em função do tamanho do nosso país... da dificuldade de distribuição nacional... e da proximidade com a Europa... existem importações regionais... e alguns vinhos que não encontramos por aqui. A Casa dos Vinhos... no bairro de Imbuí... é a maior loja da cidade. Lá é possível encontrar uma grande variedade de rótulos de todo o mundo.... com preços bem legais... apesar da carga tributária sobre os vinhos ser altíssima na Bahia.

Não consegui ir a nenhuma feira livre... mas são sempre ótimas... principalmente para encontrar frutas regionais e outros produtos frescos... fica para a próxima.

Agora... só me resta me deliciar com minhas castanhas carameladas.... meus biscoitinhos com café baiano.... e fazer umas comidinhas gostosas com meu dendê e meus camarões secos.

Bom apetite, meu rei!!!!!

13 de outubro de 2011

Aventuras em Salvador - Parte 2 / Requinte

Nem só de acarajé vive o soteropolitano! A cidade cresceu bastante nos últimos anos... assim como o desenvolvimento da gastronomia na cidade. Além dos restaurantes regionais, Salvador possui grandes lojas de vinhos... ótimos restaurantes com os mais variados tipos de comida... bistrots charmosos e transados... lojas de produtos gourmet e por aí vai.

Apesar de ser imprescíndivel comer todos aqueles pratos típicos e tradicionais da culinária baiana... vale a pena também comer coisas diferentes... mesmo que sejam mais "normais" entre nós. Uma comida de qualidade tem seu valor em qualquer lugar do mundo. Aliado a isso... alguns destes lugares tem vistas maravilhosas... que por si só já valeriam a visita.

Um restaurante imperdível é o Amado... do Edinho Engel. O restaurante fica na praia da preguiça... entre o Mercado Modelo e o Farol da Barra... e tem uma vista belíssima da Baía de Todos os Santos. É um restaurante sofisticado... com bom atendimento... comida maravilhosa... bela carta de vinhos... e tudo o mais que faz com que o restaurante seja considerado o melhor de Salvador há alguns anos.

A cozinha do Amado é contemporânea... mas com forte influência brasileira. São pratos internacionais... com ingredientes regionais. Assim... você encontra um cardápio que atende a todos os gostos... com massas... risottos... pratos com peixes e frutos do mar... carnes... carnes exóticas como codorna, queixada e paca... sobremesas e etc.

Fui no almoço... e como estava um dia bonito e quente... preferi ficar na parte interna com a vista da baía... curtindo um Sauvignon Blanc geladinho e o couvert da casa. Em dias mais frescos ou a noite... não deixe de ficar na varanda! Eu comi um Filé de Linguado com Molho da Manga, Papaia e Coentro com Arroz Negro e Crocante de Mandioquinha... e provei uma Pescada Amarela em Crosta de Castanha de Cajú com Carurú, Purê de Banana da Terra e Arroz Selvagem. De sobremesa... comi uma Mousse de Coco com Baba de Moça e Lascas de Coco Queimado... levíssima. Todos os pratos estavam deliciosos... assim como os pães do couvert.... fresquinhos e repostos constantemente.

Neste dia... os pratos demoraram mais que o normal para saírem... mas como o vinho tava ótimo... o dia lindo... e a vista maravilhosa... não foi nenhum incômodo esperar. Uma única ressalva... que não é culpa do restaurante... mas um reflexo do gosto do brasileiro. Apesar de muitos pratos com peixes e frutos do mar... a variedade de brancos e espumantes é muito pequena... se comparada à esmagadora maioria de vinhos tintos da carta.

Em resumo... seja pela comida... ou pelo local... a visita é praticamente obrigatória. Pela qualidade do restaurante... o preço não é exorbitante... mas também não é baratinho. Com couvert, prato, sobremesa, água e um vinho simples... você vai gastar por volta de R$120,00 a R$150,00 por pessoa.

Outro local que merece uma visita é o Bistrot du Vin... na Pituba. O restaurante fica na parte superior da Casa dos Vinhos... uma loja com grande variedade de rótulos de todo o mundo e produtos gourmet. Além dos vinhos da carta do Bistrot... você pode escolher um vinho na loja e consumí-lo no restaurante. O cardápio é internacional e bastante variado... para atender a todos os gostos e permitir uma infinidade de harmonizações.

O ambiente é lindo e muito bem decorado. A comida é ótima e nos finais de semana é fundamental reservar antes. Eu comi um prato que eles tem com frutos do mar grelhados... acompanhado de legumes e batatas sautée. O prato é bem farto... serve de 2 a 3 pessoas... e vem com lagosta, camarão, polvo, lula, mexilhão, salmão e robalo grelhados com manteiga ao alecrim... divino! Para acompanhar... um chardonnay elegante e mais estruturado é o par perfeito. De sobremesa... comi o Brulée de Abacaxi com Sorvete de Coco... simples e ótimo. Depois dou minha versão aqui no blog... que cairá muito bem nos dias de verão que se aproximam.

Uma bela novidade... saíndo do forno... é o Pedra da Sereia Bistrot na Ondina. O Pedra é um bar com mais de 20 anos... com música ao vivo... e muito conhecido na cidade. Agora... na parte superior... abriram um bistrot muito charmoso e com uma vista incrível. A cozinha é comandada pelo Chef Vinícius... que era o antigo chef do Bistrot du Vin. O balcão do bar tem um aquário... e uma luminária enorme feita com garrafas de vinho... muito legais!

A cozinha também é internacional e com cara de comida de bistrot. Quando estive lá... o restaurante ainda não tinha sido inaugurado oficialmente... mas pude participar da pré inauguração e conferir a comida de Vini... que já trabalhou em restaurantes de Búzios como Sawasdee, Satyricon e Capricciosa. Como falei... a vista é incrível e vale a pena chegar mais cedo para curtir o pôr-do-sol bebericando um espumante... e finalizar com o jantar.

Como o tempo foi curto... não deu para conhecer outros lugares... mas a cidade tem excelentes restaurantes que já estão na minha lista para uma próxima visita. Entre eles... o japonês Soho... o 496... o Taboada Bistrot... e outros tantos. Mas isso será assuntos para as próximas aventuras na terra do berimbau.

Amanhã vou falar sobre onde comprar os produtos para fazer suas comidinhas por lá mesmo.... ou para trazer na mala.

Bom Apetite!

11 de outubro de 2011

Aventuras em Salvador - Parte 1 / Tradição

Depois de uns dias em Salvador... voltei cheio de histórias e dicas sobre lugares e comidinhas da primeira capital do Brasil. Dividi minhas aventuras enogastronômicas em 3 partes... Tradição, Requinte e Bastidores. Hoje... neste primeiro post... vou falar sobre a culinária típica... regional... tradicional... e imperdível de Salvador.

A culinária do Recôncavo Baiano é única no Brasil e no mundo! Por esta razão... ir a Salvador e não provar da sua comida é um pecado mortal para os amantes da gastronomia. Por mais que... com a globalização... possamos encontrar todos esses pratos em diversas cidades... comer lá é diferente.

A variedade de quitutes é enorme... mas ir a Salvador e não comer acarajé... é como ir a Paris e não ver a Torre Eiffel. O acarajé é uma instituição da Bahia... que faz parte da cultura e da identidade do povo baiano... e que em 2004 foi tombado como patrimônio cultural do Brasil pelo Iphan.

Existem milhares de baianas que vendem seus quitutes pelas ruas da cidade... mas 3 merecem atenção especial: Cira, Dinha e Regina. A rivalidade é grande... chegando a ter "seguidores" que defendem suas baianas preferidas com unhas e dentes como um clube de futebol. Regina fica em Itapuã e Dinha e Cira no Rio Vermelho... o bairro boêmio da cidade. Não tive como ir nas três para fazer minha escolha... e nem queria escolher nenhuma. Quero ir a Salvador e me deliciar com os acarajés e abarás de cada uma delas.... sem preferência. Desta vez... fui em Dinha.

Confesso que fico tão concentrado que esqueço de tirar fotos. O abará eu comi e nem lembrei de fotografá-lo... e quando lembrei do acarajé.... já tinha comido uma parte como da pra ver na foto. hehehe

Mas qual a diferença entre abará e acarajé? Basicamente... a forma de preparo. O abará é envolto em folha de bananeira e cozido.... já o acarajé é frito em azeite de dendê. Uma coisa legal é que além de servirem da forma tradicional... inteiro... como um sanduíche... você também pode pedir em pratinhos... o que facilita muito na hora de comer e provar os acompanhamentos... carurú, vatapá, camarão seco, salada... e como não poderia faltar... pimenta. Você escolhe quais quer... eu pedi com vatapá, camarão seco e salada... sem carurú.

Provavelmente... enquanto você estiver sentado... passará alguém vendendo amendoim. Peça uma porção e prove. Lá eles fazem cozido... e não torrado como vemos por aqui. De sobremesa... prove doce de tamarindo ou o bolinho de estudante... um bolinho frito feito de tapioca e coco... delicioso.

Outro prato que merece igual destaque... que também é a cara da Bahia... e que não pode deixar de ser saboreado de forma alguma... é a moqueca. A moqueca baiana é característica pelo uso do leite de coco e do azeite de dendê... que conferem sabores únicos e fascinantes. A tradicional é de peixe... mas você encontra de camarão... de polvo... de lagosta... de siri catado... ou com a mistura desses ingredientes.

O tempo... os trabalhos... e as outras aventuras... só me permitiram comer uma moqueca no almoço do último dia... antes de voltar pra casa. São inúmeras opções de escolha... mas em função das minhas histórias neste universo gourmet... escolhi o restaurante Varal da Dadá... no Rio vermelho. Dadá é uma das cozinheiras baianas mais famosas... e que vejo em programas de TV desde a minha infância. É uma pessoa carismática.... com um sorriso farto... e com a cara da Bahia.

Há mais de 10 anos atrás estive com ela em um outro restaurante... quando estive em Salvador em um encontro de estudantes de arte... mas naquele dia... comi bobó. Desta vez... ela não estava no restaurante... tinha ido para São Paulo cozinhar na Casa Cor. O restaurante está meio largado... com cardápio feio... serviço ruim... mas com uma moqueca... divina! Pedi a de peixe... feita com pescada amarela... acompanhada de arroz e vatapá. O peixe fresquíssimo... macio... no ponto... feita com dendê bom... leite de coco natural.... um espetáculo!

Apesar do restaurante ter e poder melhorar muito com relação ao serviço.... a comida é digna de visita e reconhecimento.

Um outro restaurante bem famoso... que tem uma das melhores moquecas de Salvador é o Paraíso Tropical... do Beto Pimentel. Mas lá... a história é um pouco diferente. É um local para ir sem pressa e com o bolso mais livre. O restaurante fica em um sítio... e tudo que é usado na cozinha... é plantado lá. Literalmente... tira-se do pé para fazer a comida. No entanto... apesar da base ser toda de pratos típicos e com igredientes regionais... são pratos mais exóticos... com toques bem diferentes.

Para se ter uma idéia... ao invés do leite de coco ele usa a água batida com a carne do coco... ao invés do azeite de dendê ele usa o fruto do próprio dendê... sem contar com as folhas de vinagreira... lâminas de coco verde... biribiri... e futas como pitanga e amora que fazem parte de suas moquecas. Desta vez... não tive tempo de visitar... mas está na minha lista.

Amanhã vou falar sobre a Salvador Gourmet... e seus restaurantes mais sofisticados. Enquanto isso... vou ficar na minha rede... só na prega!!!

Bom apetite, meu rei.