11 de outubro de 2011

Aventuras em Salvador - Parte 1 / Tradição

Depois de uns dias em Salvador... voltei cheio de histórias e dicas sobre lugares e comidinhas da primeira capital do Brasil. Dividi minhas aventuras enogastronômicas em 3 partes... Tradição, Requinte e Bastidores. Hoje... neste primeiro post... vou falar sobre a culinária típica... regional... tradicional... e imperdível de Salvador.

A culinária do Recôncavo Baiano é única no Brasil e no mundo! Por esta razão... ir a Salvador e não provar da sua comida é um pecado mortal para os amantes da gastronomia. Por mais que... com a globalização... possamos encontrar todos esses pratos em diversas cidades... comer lá é diferente.

A variedade de quitutes é enorme... mas ir a Salvador e não comer acarajé... é como ir a Paris e não ver a Torre Eiffel. O acarajé é uma instituição da Bahia... que faz parte da cultura e da identidade do povo baiano... e que em 2004 foi tombado como patrimônio cultural do Brasil pelo Iphan.

Existem milhares de baianas que vendem seus quitutes pelas ruas da cidade... mas 3 merecem atenção especial: Cira, Dinha e Regina. A rivalidade é grande... chegando a ter "seguidores" que defendem suas baianas preferidas com unhas e dentes como um clube de futebol. Regina fica em Itapuã e Dinha e Cira no Rio Vermelho... o bairro boêmio da cidade. Não tive como ir nas três para fazer minha escolha... e nem queria escolher nenhuma. Quero ir a Salvador e me deliciar com os acarajés e abarás de cada uma delas.... sem preferência. Desta vez... fui em Dinha.

Confesso que fico tão concentrado que esqueço de tirar fotos. O abará eu comi e nem lembrei de fotografá-lo... e quando lembrei do acarajé.... já tinha comido uma parte como da pra ver na foto. hehehe

Mas qual a diferença entre abará e acarajé? Basicamente... a forma de preparo. O abará é envolto em folha de bananeira e cozido.... já o acarajé é frito em azeite de dendê. Uma coisa legal é que além de servirem da forma tradicional... inteiro... como um sanduíche... você também pode pedir em pratinhos... o que facilita muito na hora de comer e provar os acompanhamentos... carurú, vatapá, camarão seco, salada... e como não poderia faltar... pimenta. Você escolhe quais quer... eu pedi com vatapá, camarão seco e salada... sem carurú.

Provavelmente... enquanto você estiver sentado... passará alguém vendendo amendoim. Peça uma porção e prove. Lá eles fazem cozido... e não torrado como vemos por aqui. De sobremesa... prove doce de tamarindo ou o bolinho de estudante... um bolinho frito feito de tapioca e coco... delicioso.

Outro prato que merece igual destaque... que também é a cara da Bahia... e que não pode deixar de ser saboreado de forma alguma... é a moqueca. A moqueca baiana é característica pelo uso do leite de coco e do azeite de dendê... que conferem sabores únicos e fascinantes. A tradicional é de peixe... mas você encontra de camarão... de polvo... de lagosta... de siri catado... ou com a mistura desses ingredientes.

O tempo... os trabalhos... e as outras aventuras... só me permitiram comer uma moqueca no almoço do último dia... antes de voltar pra casa. São inúmeras opções de escolha... mas em função das minhas histórias neste universo gourmet... escolhi o restaurante Varal da Dadá... no Rio vermelho. Dadá é uma das cozinheiras baianas mais famosas... e que vejo em programas de TV desde a minha infância. É uma pessoa carismática.... com um sorriso farto... e com a cara da Bahia.

Há mais de 10 anos atrás estive com ela em um outro restaurante... quando estive em Salvador em um encontro de estudantes de arte... mas naquele dia... comi bobó. Desta vez... ela não estava no restaurante... tinha ido para São Paulo cozinhar na Casa Cor. O restaurante está meio largado... com cardápio feio... serviço ruim... mas com uma moqueca... divina! Pedi a de peixe... feita com pescada amarela... acompanhada de arroz e vatapá. O peixe fresquíssimo... macio... no ponto... feita com dendê bom... leite de coco natural.... um espetáculo!

Apesar do restaurante ter e poder melhorar muito com relação ao serviço.... a comida é digna de visita e reconhecimento.

Um outro restaurante bem famoso... que tem uma das melhores moquecas de Salvador é o Paraíso Tropical... do Beto Pimentel. Mas lá... a história é um pouco diferente. É um local para ir sem pressa e com o bolso mais livre. O restaurante fica em um sítio... e tudo que é usado na cozinha... é plantado lá. Literalmente... tira-se do pé para fazer a comida. No entanto... apesar da base ser toda de pratos típicos e com igredientes regionais... são pratos mais exóticos... com toques bem diferentes.

Para se ter uma idéia... ao invés do leite de coco ele usa a água batida com a carne do coco... ao invés do azeite de dendê ele usa o fruto do próprio dendê... sem contar com as folhas de vinagreira... lâminas de coco verde... biribiri... e futas como pitanga e amora que fazem parte de suas moquecas. Desta vez... não tive tempo de visitar... mas está na minha lista.

Amanhã vou falar sobre a Salvador Gourmet... e seus restaurantes mais sofisticados. Enquanto isso... vou ficar na minha rede... só na prega!!!

Bom apetite, meu rei.

Um comentário:

  1. Compartilho de tudo que escreveu aqui e do seu regozijo pela riqueza da comida baiana e acrescento que experimentei um talharim com camarões quando a Dadá veio trabalhar na Casa Cor aqui em Brasília. Estava divino, de alimentar a alma, e ela, simpaticíssima, como você já deve saber, veio até a nossa mesa pra conferir se tínhamos gostado mesmo da comida! A comida baiana, como a mineira, apesar da simplicidade, reflete o que há de mais precioso nessas regiões: o calor humano de seu povo! Parabéns pelo texto delicioso e um abraço!

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